RELIGIÃO: MENSAGEM DA 37º MISSÃO DA TERRA PARA TODO O POVO DE DEUS DA DIOCESE DE BONFIM


Eu vi, ouvi o clamor do meu Povo e desci para libertá-lo (Ex. 3,7-8)
"Nós, cerca de cinco mil romeiros e romeiras, do campo e das cidades, da Diocese de Bonfim, Bahia, nos encontramos na cidade de Nordestina, para celebrar a 37ª Missão da Terra, manifestação religiosa e popular, que teve o objetivo de promover, a partir do evangelho, a transformação da atual sociedade excludente, chamando a atenção para os problemas e injustiças no campo,
Anunciamos os projetos de vida. Sempre sintonizados com o Evangelho de Jesus Cristo, anunciamos os projetos de vida e denunciamos os projetos de morte que afligem o povo e o meio ambiente.

O compromisso cristão da Vida para todos e a fidelidade ao Deus dos pobres e aos pobres da terra, nos convocam à reflexão sobre a realidade, ouvindo os clamores que vem dos camponeses e camponesas, e do povo das cidades. Os clamores do povo das comunidades de Nordestina e Cansanção, ecoaram em todos nós. Assumimos refletir o tema desta missão da terra de 2016: O sertão, nossa casa comum, 'não é mercadoria': geme e clama por misericórdia e o Lema que a acompanhou: Eu vi, ouvi o clamor do meu Povo e desci para libertá-lo (Ex. 3,7-8)".


Denunciamos o modelo de sociedade capitalista, excludente, baseado na propriedade privada dos meios de produção; ele serve para legitimar a concentração de terra nas mãos de uma minoria, trazendo muitos sofrimentos e injustiças principalmente para as populações tradicionais. Assistimos ainda hoje populações expropriadas de suas terras, pela grilagem que continua desde o processo latifundiário das capitanias hereditárias. Hoje ele se manifesta com projetos monstruosos das mineradoras, empresas de energia eólica onde já estamos vendo os estragos com fechamentos de estradas públicas, rachaduras nas casas e nas cisternas, poluição do ar e sonora, desmatamentos, invasão de propriedades e obrigando os camponeses a apresentar documento para entrar em suas próprias roças; há constantes ameaças das águas e das nascentes e até comunidades sendo retiradas do lugar. Tem gente que ainda se ilude com as promessas de progresso e emprego, mas essas empresas, só pensam no seu próprio lucro; por todo canto elas violam os direitos das comunidades e destroem a nossa casa comum.

Nesta missão, em tempos amargos de quebra da democracia, sentimos o apelo para agasalhar a vida e o cosmo, como se agasalha nos ninhos as asas do futuro. No desejo de fortalecer a solidariedade e a luta por justiça e em defesa da vida e do ambiente, ouvimos, com os sertanejos e sertanejas, um só grito em defesa da terra , das águas, do povo e de toda a criação. O Deus de Jesus nos garante que a vitória será nossa e já aparece e nos alegra com as conquistas e os avanços nas lutas travadas pelos movimentos sociais do campo.

Ressoou também na nossa romaria a misericórdia de um Deus que, por meio de Jesus multiplica os pães em abundância mas exige que nós partilhemos nossos dons, sem acumular ou achar que nossa pobreza não nos permita isso. Jesus nos alerta de cuidarmos para não acreditar no “fermento dos fariseus e de Herodes” (Mc 8, 15) que produzem um alimento envenenado e de morte como os produtos na base dos agro-tóxicos.

Gratos pela acolhida e hospitalidade do povo de Nordestina, voltamos para nossas comunidades, revigorados para seguirmos lutando por Justiça e Paz. Com a bênção do Deus da Vida, gritamos: O sertão, nossa casa comum, “não é mercadoria”: geme e clama por misericórdia. O profeta São João Batista, padroeiro da paróquia de Nordestina continue á nos inspirar e proteger para vencer os projetos de morte em nosso sertão.

OS PARTICIPANTES DAS 37ª MISSÃO DA TERRA DE NORDESTINA – DIOCESE DE BONFIM .

Nordestina, BA, 4 de setembro de 2016.
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