Sem terra, água e pão: para onde vai o povo de Deus do sertão?
A todos(as) paz e bem!
Gostaríamos, através desta, agradecer a todos vocês: bispo, padres, leigos, leigas, religiosos(as), movimentos sociais, CEBs, STR´s, entidades, imprensa, a banda voz de capela, a paróquia de Andorinha, em nome de toda a CPT (Comissão Pastoral da Terra), pelo esforço na preparação e realização da 34ª Missão da Terra.
A Missão da Terra foi mais um pedacinho na construção desse novo mundo, em que a Igreja acredita que nasce e cresce a partir dos pequenos e excluídos. Foi muito bom escutar a voz do povo de Deus, vindo de todos os cantos da Diocese de Bonfim. Anunciamos assim os projetos de vida, em sintonia com o Evangelho de Jesus Cristo.
Denunciamos o modelo de sociedade capitalista, excludente, baseada na propriedade privada dos meios de produção, o que serve para legitimar a concentração da terra e da água nas mãos de uma minoria, trazendo muito sofrimento e injustiças principalmente para as populações tradicionais que são expropriadas de suas terras, pela grilagem que continua desde o processo latifundiário das capitanias hereditárias até nossos dias com seus projetos grandes e monstruosos de mineração atingindo gravemente as comunidades tradicionais, os camponeses e agricultores familiares.
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Repudiamos ainda a falta de compromisso dos governos com a reforma agrária, com a agricultura familiar e com a agroecologia. E uma grande injustiça destinar bilhões para o agronegócio e apenas migalhas para os pequenos do campo. Repudiamos ainda a falta compromisso em apurar os mandantes da morte dos dois ultimos trabalhadores assassinados em Monte Santo em 2011 (Antonio do Plinio de Leonardo Leite), que até hoje está impune. Justiça!
Alegramo-nos ainda com as conquistas e os avanços nas lutas travadas pelos movimentos sociais do campo na construção das cisternas de consumo e de produção, dos projetos de geração de renda implantados nas comunidades, abertura de poços artesianos, das habitações, fruto da luta e da organização destes movimentos na região.
Concluímos dizendo que a celebração eucarística foi profunda e cheia de vida. Mesmo com o sol quente o povo não arredou o pé! A caminhada dos mais de 7 mil romeiros e romeiras embaixo de um, sol quente, saindo da comunidade do Caldeirão da Vaca até a cidade de Andorinha entrelaçou a denúncia profética de um sistema que gera impactos e poluição e a esperança de um povo que apesar de tudo nunca deixa de caminhar, com a cabeça erguida: “A gente vai marchando em Romaria / A gente vai marchando em procissão, / A gente vai, sob morro e desce serra, / Na Missão da Terra, lado a lado com o irmão” cantavam os romeiros e romeiras.
A todos, vai o nosso profundo agradecimento: juntos, sentimos que Jesus de Nazaré caminha e vive também pela estrada da diocese de Bonfim, ao lado de um povo que sabe o que quer e tem direito de ser escutado e respeitado. Nossa fé foi fortalecida. Ficou evidente como falamos que a Missão da Terra, não se limita a um evento, mas um encontro de famílias que buscam sonhos de igualdade, fraternidade e direitos iguais para todos e todas.
Ao retornamos às nossas casas e comunidades, possuídos da chama que nos animou, assumimos o compromisso de defender e cuidar da vida do planeta, como também ajudar os nossos irmãos e irmãs que se tenha o pão de cada dia.
Que a saudade de novos encontros nos mantenha vivos até a próxima missão da terra no zonal 3, e nossa amizade perdure nessa caminhada com o Senhor Ressuscitado.
Comissão Pastoral da Terra – Diocese de Bonfim - Ba