SÃO JOÃO! FESTA DA HARMONIA


Caros Bonfinenses,

Terça-feira próxima, está marcada uma audiência pública destinada a discussão sobre a continuidade da nossa tradição em soltar espadas. Tradição esta que suplanta, em muito, os meus 57 anos, portanto algo que se aproxima a própria idade da nossa cidade.

Aos nossos Edís, alguns nascidos na terra, outros, provavelmente não, conclamo a que se dediquem em conhecer a história do nosso São João e perceberão que o "tocar de espadas" assim como outros fogos, sempre foram o ponto forte da nossa festa maior. Impiedosamente, ouso desferir um golpe certeiro: o nosso São João sempre alcançou a fama que tem, tanto pelo bem receber dos nosso irmãos, quanto pela histórica guerra de espadas que a muitos apaixona.

Ao nosso Prefeito, apesar de ser natural de Jacobina, tenho certeza de que conhece os nossos costumes e a representação das espadas em nosso São João. Já foi Comandante Militar e sabe comparar, perfeitamente, os resultados da violência desta festa com outras do mesmo gênero, tal como o carnaval. A resposta será definitiva de que o São João é menos violento e as espadas não contribuem para atos de violência. No nosso histórico de festa, relembramos que a Prefeitura fazia a sua fogueira municipal e a defendia com uso de espadas, não encontrando neste histórico quadros de violência que viessem a depor contra a utilização de espadas.

Aos nossos médicos, mesmo sabendo que vários deles não são naturais da nossa terrinha, sabemos que já se incorporaram socialmente, o suficiente para darem um testemunho da não violência. Da mesma forma, as estatísticas hospitalares poderão comprovar que as possíveis queimaduras existentes e tratadas no HDAM, estas, na sua maioria, teriam origem em bombas, cobrinhas e outros fogos.

A nossa população, não só está acostumada às espada, ela quer ver o seu brilho nas ruas, emoldurando um quadro que transcende a imaginação do cotidiano, dando à festa um sentido de tradição, beleza natural e a adrenalina que transforma hábitos de pessoas, saindo de uma triste imotividade para uma explosão de alegria que ultrapassa ao próprio espírito. População que tem no espírito da festa a alegria do rever, o revigorar das amizades ha muito tempo feitas e, a cada São João, renovadas. Assim é o BONFINENSE

Os nosso guerreiros ou espadeiros, são filhos naturais da terra ou pessoas que adotaram Bonfim como mãe terra. Trata-se de pessoas das mais variadas características sociais e profissionais: do pobre ao rico, do médico ao lavrador. A tradição segue de pai para filho sem que exista nenhuma indução. O filho segue o pai por gostar do espírito brincalhão da festa, com suas espadas, fogueiras, entoação de músicas com ou sem instrumentos musicais, apresentação de grupos andarilhos ao som de flautas da calumbi e a beleza da recepção dos filhos de Bonfim, nas suas casas. A abertura das casas feitas pela população aos espadeiros e grupos de cantos, já interpretam a emoção da festa e sua representação para a população.

Ao Ministério Público, teço os meus mais devotos respeitos pela contribuição da instituição na defesa da população. Sim, esta instituição merece todo o nosso respeito, inclusive de lutar e defender o seu lastro de atuação, não aceitando os interesses que sobrepõe-se aos interesses da população do País e lançados na malfadada PEC 37. Estão no Ministério Público as maiores ações que nos fazem entender que ainda vivemos num País Democrático e que a justiça está procurando abranger a todos, pobres ou ricos. Este respeito pelo qual luto, neste momento o reafirmo, na certeza de que essa instituição saberá diferençar a prudencia da imprudência, o histórico de vida de uma população, seus costumes e suas tradições. A convivência com o diferente - para quem não conhece o nosso São João - deve ser feita preservando o histórico do conhecimento humano tal como predito:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento_humano
"O conhecimento humano é uma expressão usada para toda a experiência humana adquirida até o momento. É a soma de todos os pensamentos, criações e invenções da mente humana. Incluindo descobertas em diversas áreas da ciência: matemática, literatura, arte, entre outras. Para se ter uma dimensão exata do conhecimento humano, é preciso considerar que ele está em constante expansão, desde o início da humanidade, e tem aspectos filosóficos e científicos a serem considerados para a apreensão de seu conceito."

"Segundo Platão, o conhecimento humano integral fica nitidamente dividido em dois graus: o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo; e o conhecimento intelectual, universal, imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, mas que dele não se pode derivar"[carece de fontes].

Neste sentido e baseado em todo o nosso histórico dos nossos festejos juninos, solicito a todos que comparecerem a este evento e que sejam motivados pelo bom senso. O bom senso que sempre tivemos de identificar as ruas onde as espadas estão liberadas, bom senso de regulamentar o comprimento e o diâmetro das espadas, limitando o seu raio de ação e possível poder de violência. Nossa festa nunca teve regulamentação, exceto da identificação das ruas onde havia proibição de espadas. O bom senso, neste momento, pode permitir regulações, no entanto sem ousar desfigurar a festa, sem deixar que o critério econômico prevaleça sobre a autonomia e a liberdade das pessoas. Critério da boa convivência entre quem gosta e quem não gosta de festa, seja ela qual for.

Saudações harmônicas e boas festas nas veredas do CARUÁ.

Humberto Santiago
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