Calçadão também recebeu expressão da arte bonfinense


Das 8 às 12h deste sábado (dia 5), o Calçadão tornou-se passarela do bom-gosto artístico bonfinense. Em homenagem ao Dia da Cultura, o Governo Municipal promoveu uma festa de confraternização para os artistas e uma oportunidade para a população contemplar a variedade e a riqueza da criação atual. Estandes mostraram artes visuais, exposição de pinturas em telas, fotografias, grafites, artesanatos lindíssimos, dos clássicos cipós de Sapecado a outros belíssimos do Grupo Urupês, de Missão do Sahy. Houve danças contemporâneas, hip hop e a do afoxé Expressão Ogundelê. O teatro se expandiu em performances de Zumar Sérgio por via do cordel, do Grupo Aroeira Cênica (Xanda e Conceição), do Palhaço Xeleléu (Geninho) e outros atores.

Na música o Trio Alvorada e Zé Bonfim e sua Gente se alternaram no forró sanfonado, indispensável à cultura citadina. O repertório de gargantas e instrumentais ofereceu estilos, capoeira e fez aglomerações. Os nomes de Daniel Gomes, Maurino Carvalho, Iris de Guimarães e Zecrinha são apenas para citar alguns. Big Haus cantou música nova e Zumar Sérgio, que em maio se diploma em Licenciatura em Arte, levou “no bico” farta literatura de cordel: “Cinema eu nem sei cuma é / se é homi ou se é muié”. “Você me mandou cantar/ pensando que eu não sabia/ Eu sou que nem a cigarra/ canto e grito todo dia”.

Rua do Bandeira – Após executar números da MPB, Big Haus cantou, a pedidos, sua música Rua do Bandeira, que cita João José, Calafate, Tonho Chupeta, Popó, ‘seu’ Flori e o Pirangi, time dessa geração. Big acaba de gravar suas 112 músicas em MP-3. E Zecrinha vai brindar a cidade com mais um CD no próximo sábado, 17/12, no Hotel Novo Leste: qualidade garantida e entrada franca.

Cultura bonfinense – A titular da secretaria de Cultura, Riana Oliveira, e sua auxiliar Jace deram aula sobre o ‘5 de dezembro’ na faixa: “Foi o dia em que Rui Barbosa discursou na sacada de nossa Prefeitura, em 1919 e essa data ficou como Dia Municipal da Cultura. O prefeito Paulo Machado visitou a exposição. Saudou os artistas presentes e falou sobre a dedicação do Governo Cuidando da Nossa Gente para preservar tradições e apegos da cultura de Senhor do Bonfim. Na semana de arte houve na quarta-feira o Aniversário da Academia de Letras e Artes, na quinta-feira o sarau de lançamento do livro Peregrinação Interior: Transcendência, de Fábio Sousa, na Biblioteca Central ( Pirâmide), neste sábado, esta manifestação de arte no Calçadão e o lançamento de dois livros de Jotacê Freitas preparado para a noite, no Teatro Reginaldo Carvalho. No Calçadão, lugar mais público e de intensa circulação, o povo fez boa presença.

Iris falou com o mesmo intimismo com que canta

É meio-dia quando Iris de Guimarães dá sua canja. Depois da performance musical, assediada, atendeu pessoas, trocou telefones, endereços, próximas apresentações... E retardou, mas cedeu entrevista. “Iris, você chega, canta e some. Queremos conhecer um pouco do que, no seu íntimo, impulsiona sua relação com a composição, o canto, a carreira e outras cositas mais. Ela disse que sim falou. Quase só ela falou:

– Desde que em 2010 lancei meu primeiro CD [Olhos de Hórus] os meus shows têm esse traço. Meu primeiro contato é com a composição, a criação. Logo que termino de compor uma música, me bate o desejo de afastamento do que acabei de criar. É algo espiritual. Dou uma volta por aí e regresso para me re-ouvir, para cantar de novo o que compus. Minha intenção sempre foi a de só partir para fazer shows depois que tivesse as minhas músicas gravadas, e depois dos shows fazer um reencontro com o meu público, algo que com mais proximidade confirme a apreciação do que crio. Esse foi sempre o meu desejo. Canto primeiro, depois eu paro e preparo um reencontro. Só a partir do meu primeiro CD foi que aceitei cantar profissionalmente.

Agora, vem aí o lançamento do 2º CD, que ainda não foi batizado, mas ele significará mais bagagem. E já me preparo para depois dele manter essa minha metodologia. O lançamento será em fevereiro, no Centro Cultural de Senhor do Bonfim. Depois, ele renascerá noutras cidades e, segundo minhas concepções, a cada relançamento eu também renascerei com ele. Quando optei pela carreira musical, me decidi. Tenho que acreditar que sou de asas: música criada vai correr e hei de correr no rastro delas.

Iris de Guimarães finalizou o ato cultural no Calçadão. Cantou canções de Laura Pausini e interpretou Pássaro de fogo na sua voz claramente não calculada e naturalmente grave. Barítono na rouquidão que agrada ou num tênue tenor feminino? – “Quem é ela? De onde vem? – “Não sei. Sei que ela tem jeito”. Aonde chega a audiência fica curiosa e atenta.

– Só componho se for dedilhando a viola, minha companheira de criação e de sacerdócio. Compus aproximadamente 110 músicas e meu violão é cúmplice de minha arte. E me sinto em progresso com ela. Mas ainda não tenho artisticamente o que quero. Penso em conseguir isso no longo do tempo. Quando eu conseguir isso, já sei que estarei querendo mais, sempre me desafiando mais. Até me disseram que sou uma eterna insatisfeita, e que a minha música corta um desavisado.

ASCOM
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