ESPAÇO DO LEITOR: Marcas do inevitável


Todos os fatos históricos são resultados de processos históricos, com isso aprendemos que nada acontece da noite pro dia.
Cannabis Sativa! Ah bendita Cannabis Sativa. Esse é o nome científico da maconha, uma plantinha cuja resina tem propriedades psicoativas que podem atuar como analgésico, calmante do sistema nervoso, embriagador, narcótico, sedativo, tônico e outras “cositas más”. Só que desde 1938 se tornou proibida a venda da Cannabis nas farmácias, mas só em 1976, época em que os hippies ameaçavam tomar conta do país com as “marijuanas”, é que foi criada a lei 6.368 determinando que quem vende ou usa essa erva se torna criminoso. E parece que para o brasileiro o proibido é mais gostoso, é mais legal... Aliás, a palavra legal faz referência a algo que tá dentro da lei. E foi o que nossos representantes resolveram fazer.
A maconha, desde que se tornou ilegal, é um entorpecente democrático, que não tem classe, cor, sexo ou religião que o discrimine. A depender da região, com apenas R$ 5,00 se compra um cigarrinho que te deixa muito doido o dia todo. Ou seja: é a droga do povão. Acontece que trinta anos depois da lei criminalizando o usuário de entorpecentes, foi aprovada no Congresso Nacional (votada na Câmara e no Senado) e assinada pelo presidente Lula, a lei 11.340/06 que ficou conhecida como Nova Lei Antidrogas – que para mim deveria chamar-se Nova Lei Pró-drogas – onde, em outras palavras, diz no artigo 28, absurdamente, que o usuário de drogas não pode mais ficar preso e o “bichinho” deve ser submetido à medida educativa e advertência sobre os efeitos das drogas. Como diria minha genitora: “Será o Benedito?”. Quem nesse mundo de meu Deus não sabe a desgraça que a droga faz na vida de uma pessoa? E tem mais: quem usa droga, meu amigo, é justamente por saber os efeitos dela e tá em busca de algo do tipo mesmo sabendo das conseqüências, então quando digo que é absurdo não exagero, pois estão querendo ver o lado doente do usuário e estão esquecendo do lado do crime, pois este é, indissociavelmente, o financiador do tráfico. E tem mais! Desde a década de 1990 vem sendo levantada a bandeira para a legalização da maconha, com participação marcante de políticos como Fernando Gabeira, na época Deputado Federal, que agarrou a causa com unhas e dentes. Tá certo que lá no Congresso ta cheio de gente que não só faz uso da Cannabis – como nosso querido Gilberto Gil, ex-ministro da cultura, que assumiu em rede nacional ter várias décadas de uso da maconha -, mas que cheiram seu pozinho e também fumam sua pedrinha. Mais aí ficou escancarado demais, perderam o escrúpulo. Me diga se não é apologia ao uso da droga, um cidadão que passa trinta anos fumando maconha, vive como músico bem sucedido e ainda se torna Ministro da Cultura? Inclusive há quem diga que com a legalização da maconha acabaria o problema em torno da droga e seu tráfico, uma vez que seria agregado um imposto sobre o produto em sua venda e o preço subiria assustadoramente, diminuindo o campo de consumidores. Kkkkk!!! É pra rir mesmo. Até parece que não conhecem os brasileiros. Se isso acontecesse, além de comprarem no mercado de forma ‘legal’, eles usariam, contrabandeariam, traficariam e ainda sobrava tempo pra produzirem novas substâncias a partir dela. É! Parece extravagância, mas vá duvidar de um povo criativo como o brasileiro... Aqui é um país de contradições. Ao mesmo tempo em que são criados programas de combate às drogas, trabalhos exaustivos de investigações, operações e tal, tem alguém do outro lado da mesa esquentando a cabeça pra saber como fará para convencer a população que esta droga não é uma droga e que deve ser vendida como alface na feira.
Como toda miséria pra pobre é pouca, ainda tem mais. Como se não bastasse deixar o usuário livre pra pintar e bordar após “fazer a cabeça”, um cidadão chamado Pedro Abramovay veio a público no início deste ano propor acabar de vez com a pena de prisão para pequenos traficantes. Nem tão surpreendente seria se não fosse o fato de que o tal cidadão é ninguém menos que o Secretário Nacional de Políticas sobre as Drogas e é o homem responsável pelo SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas), órgão criado pelo governo em 2006 para prescrever as medidas que previnem o uso indevido das drogas, bem como estabelecer normas para repressão ao tráfico. Me diga de novo se não é muita falta de absurdo! Este camarada aí se justifica primeiro dizendo que os famosos “aviões” vendem pequenas quantidades para custear o próprio consumo; e depois tem a cara de pau de dizer que diminuiria as superlotações nas cadeias públicas em todo o país. Estou escumando de raiva!!! Aonde viemos parar? Entendem agora o motivo do título deste texto? Aparentemente não importa o que se faça, estamos caminhando para um mundo pior do que já está. Está se desenhando o mundo onde deixaremos nossos filhos, a mercê de irresponsáveis drogados nas ruas e nos planaltos do Palácio e da Alvorada. Um mundo onde troca-se de valores através de processos históricos, como o que estamos vivendo agora, neste momento, com esses políticos, que você e eu pusemos lá. Está mais do que provado que a maconha é a porta de entrada para outras drogas. Tantas e tantas famílias perderam seus filhos, quando não para as drogas, para os traficantes; Quantos delitos são influenciados pelas drogas ou por quem está sob seu efeito? Quantas Marias estupradas, Joãos assassinados, Júlias roubadas simplesmente porque existe a droga e o traficante? Agora lhe pergunto: o que seria do traficante se não existisse o usuário? É difícil responder isto? Reflitam!
Para terminar gostaria de dizer o seguinte: citei nomes de deputados, ministros, secretários, enfim, um monte de gente grande e pensei em assinar esse texto como autor desconhecido ou pseudônimo, não por medo de repressão, mas por achar que dá um drama a mais nas minhas palavras e ser acostumado a fazê-lo em alguns textos. Mas, como estamos tratando de leis, direitos e deveres, lembro-me do artigo 5º inciso IV da Constituição Federal que reza “é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato”.

Portanto assino, sem receios, meu nome é Gerson Ferreira, moro em Senhor do Bonfim na Bahia e sou funcionário público.
Processa, vai.
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