ASCOM ENTREVISTOU MÁRCIA CABRITA


É Carnaval ! Entrevista com Márcia Cabrita

“Não sairei totalmente nua porque não posso!”

Ninguém sabe em Senhor do Bonfim, quem é o cidadão Cleomar Alves dos Santos, nascido na terra, em 30 de maio de 1977. Mas se procurar por Márcia Cabrita, verá que com esse nome de guerra a figura é conhecida de cabo a rabo. Foi ela quem fundou o grupo carnavalesco em 2001. “Fundei por ousadia minha, e botei esse nome: Escola de Samba Bonfim Beleza em 2004, tudo por causa de uma brincadeira”.

Márcia Cabrita bota mão na cintura e narra: “Naquele ano eu saí muito pintada e a finada Mocinha ainda era viva. Aí ela e o povo da prefeitura começaram: ‘É a globeleza, a globeleza, globeleza!’ Como a gente sabe, a globeleza é uma pessoa muito importante e eu sou apenas de Senhor do Bonfim. Mas foi aí que coloquei Bonfim Beleza no nome da escola”. A Ascom (Assessoria de Comunicação Social) deu continuidade à entrevista, que segue com o presidente da Bonfim Beleza, como o leitor pode conferir:

Ascom – Onde foi isso?

Márcia Cabrita – Foi na Praça Boa Esperança mesmo, lá nos altos, no meio da rua.

Ascom – E a sede, onde fica hoje?

Márcia Cabrita – Fica até hoje no mesmo lugar onde nasceu, lá nos altos, no meio da rua. Depois, amanhã, quem sabe, vamos ter sede própria e bonita.

Ascom – Você não se mudou para o bairro Santos Dumont?

Márcia Cabrita – Eu me mudo, mas a minha escola não. Ela nasceu no alto e os componentes são de lá. De lá ela não sai.

Ascom – Você incorporou novos integrantes vindos do Santos Dumont?

Márcia Cabrita Não solicitei a ninguém de lá, meu pessoal é da base dos altos.

Ascom – Quantos elementos teve o Bonfim Beleza em 2010 e quantos serão em 2011?

Márcia Cabrita – A escola está sempre crescendo. O ano passado teve muitos componentes e este ano será maior ainda. Estamos com uma agenda muito boa. Vão desfilar pessoas famosas e vai ser um samba de luxo. Só não posso é anunciar nomes.

Ascom – Marcinha, mantenha mistério do nome, mas nos dê uma pista, um perfil do famoso ou da famosa que desfilará na Bonfim Beleza...

Márcia Cabrita – Pra não dizer que não falei das flores: é de bonfinense, é da sociedade e goza de grande prestígio.

Ascom – É homem, mulher? Qual a ala em que vai sair?

Márcia Cabrita – Vai sair em ala de frente e na frente da ala. É destaque importante. A escola tem nome e a pessoa também tem.

Ascom – E você sairá como?

Márcia Cabrita – É quase imitando a globeleza, porém com mais produção do que no passado. É quase nua mesmo.

Ascom – E as cores da escola são as mesmas verde, branco e amarelo?

Márcia Cabrita – Não, essas são as cores da “melodia da musa” foram os tons preferidos até 2010. Agora será vermelho, cor-de-vinho e rosa-chicletes.

Ascom – Quantos instrumentos?

Márcia Cabrita – No ano passado saímos com 23 instrumentos, este ano teremos um a mais, serão 24. Não ficam dizendo que é o meu número? Então vamos fechar logo: é 24, é ele mesmo.

Ascom – E a variedade deles, tem sopro?

Márcia Cabrita – Não, é samba puro, é marcação. Mas temos variedade pesquisada e boa combinação de som. Vamos sair com tamborim, surdo, surdinho, ‘25’, meia-lua, chuá, bumbo, zabumba, repenique, caixa, taró...

Ascom – Vocês têm um samba tradicional, os bairros altos inclusive cantam fora do carnaval. E esse ano muda o que?

Márcia Cabrita – Não, não muda. A música é “Abra a sua janela”, não posso criar outra. Não devo, e a tradição vai ser mantida. É uma coisa das entranhas, da minha alma e do meu coração. Quem cantava essa música era eu, na chegada do palanque principalmente, por mais cansada que estivesse eu dava tudo de mim. Esse ano será um artista de valor que vai interpretar.

Ascom – O artista é de Bonfim? Quem é?

Márcia Cabrita – É surpresa sim, posso dizer que é de Bonfim.

Ascom – Você falou de palanque, chegada. De onde sairá Bonfim Beleza?

Márcia Cabrita – Olha, o que vem na cabeça eu passo pra ponta da língua. E pra entrevista... as respostas estão boas?

Ascom – Ótimas! Não deixou nada sem resposta. Frescou um pouco só nos mistérios...

Márcia Cabrita – Não fresquei nada. Segredo de escola é segredo de escola. Pergunto se as respostas estão boas... assim... Se estou respondendo tudo que me é perguntado.

Ascom – Claro que sim.

Márcia Cabrita – Bem, o percurso, no domingo, é saindo da Praça Boa Esperança, Rua Dom Antonio Monteiro, Praça da Lagoa, Praça Juracy Magalhães, uma ligeira descansada na frente da Prefeitura, pega a Barão de Cotegipe, vira em frente à União e Recreio e vai sair na Praça Antonio Gonçalves, no palanque da apresentação oficial.

“O que vem na cabeça eu

passo pra ponta da língua”


Ascom – Sobre os figurantes antigos e os novos da escola o que dizer?

Márcia Cabrita – Minha irmã era a porta-bandeira desde o começo, mas se casou e esse ano será substituída por uma surpresa. Agora sobre novos figurantes, pode crer, Bonfim vai cair o queixo. A rivalidade pode aumentar?

Ascom – A quantas anda a rivalidade entre as entidades carnavalescas?

Márcia Cabrita – Olha, dizem que não tem, mas não é verdade. Nesse mundo de meu Deus todo mundo quer ser melhor do que todo mundo. Será que com as escolas e blocos vai ser diferente? Eu vou sair com o melhor que posso. Bonita mesmo! É pra brilhar! Eu e minha escola. Pode ir ver as nossas fantasias, no domingo e na terça-feira.

Ascom – E se pitar alguma zebra, chuva demais, imprevistos...?

Márcia Cabrita Ah, o mundo não vai se acabar. Minha escola sai com qualquer tempo. Nem chuva demais nem dinheiro de menos vai impedir. Cobra que não anda não engole sapo. Corri atrás de patrocínio, são poucos! E carnaval é carnaval, até debaixo d’água.

Ascom – O que significa o carnaval, prá você?

Márcia Cabrita – É uma coisa muito boa. É alegria, fantasia. Eu me realizo. Não vejo carnaval pelas bandas. Bandas boas a gente vai ouvir e aplaudir. Isso pra mim não existe, porque quem faz carnaval é a gente. É a pessoa brincar o carnaval com alegria, felicidade, paz e humor... Aí é onde existe carnaval.

Ascom – Você faz algum sacrifício pelo carnaval?

Márcia Cabrita – Eu boto salto alto e já saio sambando. Desço dos altos sambando, ali é que tá o meu povo, é onde ensaio e tem a escola. Lá no centro eu tô casada, os pés doendo, chorando por dentro. Chora por dentro, mas ri, esquece e se recupera. Ri porque é uma coisa alegre. É esse o sacrifício?

Ascom – então não tem tempo ruim...

Márcia Cabrita – Se tivesse e desse zebra eu correria atrás. Não ia ter 130 a 150 figurantes na escola, como eu quero. Mas, nem que saísse só com os instrumentos, eu pegava muito batom, fazia uma patacoada em meu rosto e ia pra rua... Mas eu saía.

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