FAMILAS DESPEJADAS DE PROJETO DE IRRIGAÇÃO SUAS CASAS FORAM DESTRUÍDAS

Desde 11 de junho de 2008, famílias camponesas, articuladas pelo MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores ocupam lotes improdutivos do Perímetro de Irrigação, no município de Ponto Novo, Bahia. Hoje, 22 de fevereiro, foram realizadas duas reintegrações de posse: a do lote 65 e a do lote 54.

A reintegração do lote 54 aconteceu no primeiro horário da manhã. No mesmo foram destruídas as plantações e as cercas, com máquina operada pela empresa. Esta ação foi cumprida pela policia militar do Batalhão de Senhor do Bonfim sob o comando do capitão Pinheiro. Também estava presente a policia da Caatinga, a Rodoviária e o Corpo de Bombeiro de Senhor do Bonfim.

A reintegração do lote 65, onde estava a agrovila das famílias acampadas, com casas de adobo rebocado ou alvenaria ou palha, seus pertences, bem como os seus roçados que lhes garantiam o sustento. Diante da força policial, após a chegada do advogado da CPT, que lembrou o mandato que dá garantia que as casas e os roçados seriam mantidos intactos, os acampados cumpriram a decisão do juiz, deixando para trás o patrimônio que tinham conseguido desde 2008.

Os acampados, ainda pela manhã, não aceitaram a oferta da empresa em colocar funcionários para ajudar na retirada de seus pertences, bem como os veículos. Coletivamente decidiram eles mesmos retirar seus pertences das casas e os levaram para um local comum, ainda dentro do Lote. No inicio da tarde, carregaram os seus pertencer para a margem da BR 407. Então aconteceu a leitura da reintegração de posse, pelas 16 horas e 30 minutos, e a mesma foi antes da retirada dos animais: bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves.

Durante a tarde teve dois incidentes. Um foi um incêndio em uma casa de palha e, ao ser combatido por alguns acampados, os mesmos foram intimidados e ofendidos por alguns policiais, que os acusaram de terem colocado fogo. Sabemos que não foram os acampados. Quem seria o interessado para que ali acontecesse “algum acidente”. O segundo incidente foi o impedimento de acampados retornarem a área para retirarem parte dos animais, ficando os mesmos no lote.

Ao entardecer, as famílias acampadas se dirigiram a um local na beira da BR 407, a menos de 2 km, da porteira de saída. Este local fica do outro lado da rodovia. Durante a noite, em torno das 22 horas, o acampamento improvisado viu fogo e escutou o ronco de motores no lote 65: as casas foram destruídas. E a polícia, foi conivente com este fato, pois ainda se encontrava no local.

Diante dos acontecimentos deste dia 22, está mais claro para as famílias acampadas a necessidade de continuar na luta. A terra do estado da Bahia não pode ser repassada para alguns empresários, enquanto há famílias sem-terra. Um gesto coerente do governo seria fazer uma fiscalização nos desmandos que acontecem no perímetro, inclusive que envenenam a água que é distribuída aos municípios da região.
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