CarnáBonfim 2010


Nos “altos” está o ninho do Carnaval


Alto da Maravilha, Alto do Cemitério e Alto do Cigano. Os três descambam de alguma forma para a Praça da Lagoa, que é um bom caminho pro centro de Bonfim e entra no samba também. Nessa geografia estão a massa humana e o caldo cultural que gesta há anos e décadas o Carnaval bonfinense. O nego Dedê é desse meio e tem muito tempo que “viajou” para um lugar ainda mais “alto”. Por ter deixado marcas raras e fama de carnavalesco empedernido se tornou no mais lendário de todos. Um dia, quem sabe, será homenageado pelos sucessores.


Tudo é alto nessas bandas, mas o foco do samba é a o alto da Maravilha, principalmente a Praça da Esperança que nessa época recebe ensaio diariamente. Lá está a equivalência momesca com os morros cariocas. Lá está a pátria bonfinense dessa alegria e é de onde desce o Carnaval hoje considerado como mais tradicional.


Não são somente os dirigentes (Babaco, Idinho, Márcia Cabrita, Eduardo e Toinho) que fazem acontecer. Nesse berço existe uma galera apaixonada pela combinação da dança com o som. São gerações que nasceram e cresceram batendo no coro e coreografando ritmos com o próprio corpo. Quando se trata de Carnaval quem menos corre, voa. O resultado é que nos altos a renovação é continuada, o aumento de figurantes em cada grupo se dá ano a ano. E as inovações também. Surgem novas alas, adereços e alegorias.


Além dos altos


No correr do tempo outros grupos vão se organizando e vão surgindo. “As Perdidas” é um caso à parte, porque não é grupo novo. Mas sai há 25 anos sem ser do foco dos Altos. Vem do Café Torres, próximo ao Terminal Rodoviário. Este ano “As perdidas” não se apresentarão. “E só uma pausa, mas em 2010 estará, de novo, colocando marmanjos para agitar suas saias”, informou Fenelon. Já “Os fraldinhas”, é uma boa surpresa. Surgiu ontem, no Carnábonfim de 2009 com 10 componentes e agora vai desfilar com cerca de 30 “bebês”, como eles se autodenominam.


Fut-Saia


Também o “Afro Quilombola” é uma boa novidade. Fará sua estréia agora em 2010, vindo do distrito de Tijuaçu, isto é, de uma nova área. E já nasce forte, trazendo sotaque próprio e inovações positivas. Temos também o “Bloco do CTA” (Centro de Testagem e Aconselhamento) que surgiu no ano passado com o nome de Mulheres Maduras e que este ano volta a se exibir com 100 fantasias e carro-de-som. A novidade é que o “Bloco do CTA não tem nome fixo. E pra encerrar, o torneio do Fut-Saia é uma nova atração, já está até na programação oficial. Vai envolver inicialmente quatro entidades carnavalescas e veio para ficar. (Confira 11 matérias individuais sobre as entidades e eventos).


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Bonfim Beleza introduziu

mestre-sala e porta-bandeira


Entre outros lugares, a escola de samba de Márcia Cabrita ensaia na Rua Dom Antonio Monteiro, nos altos e tem 96 componentes, divididos entre 25 instrumentistas, 71 passistas e seis cordeiros – pessoal que segura a corda.


Sai este ano com o tema “Abra a tua janela”, que foi tirado da música da escola, cujo trecho inicial é bem sugestivo: “Abra a tua janela / Veja que coisa bela / Estamos unidos na multidão...”.

Pela primeira vez a Bonfim Beleza vai ter mestre-sala e porta-bandeira. O Biba, 26 anos, tido como bom passista e a garota Rafaela, de apenas oito aninhos, formarão essa dupla de malabaristas, quesito de importância nos grandes carnavais.


Este ano, as cores da escola serão as do Brasil, verde, azul e amarelo – “predominando o verde que é a cor de minha fantasia”, diz Márcia Cabrita, denotando orgulho. A mais jovem passista, a garotinha Yasmin Vitória, de 3 anos de idade, é uma espécie de mascote da Bonfim Beleza. Nos desfile momescos de domingo e terça-feira Márcia Cabrita e Érika estarão na frente de todos, Cabrita resplandescendo o vestida Èrica vestida a caráter como Rainha, como se fossem abre-alas ou comissão de frente.

O Bonfim Beleza vai às ruas no domingo e na terça-feira gorda do Carnaval.


As costureiras principais são mãe e filha: Lúcia (50) e Patrícia (28). Elas estão dando conta de costurar as 90 fantasias. Faltam quatro dias e “ainda está chegando encomenda”, dizem. Este é o 7º ano que a Escola de Samba Bonfim Beleza sai no Carnaval. Aproximadamente 15 de seus membros são de outros recantos da cidade e cinco são de Salvador, porém os mais de 70 restantes são moradores do Alto da Maravilha. Quem informa é a folclórica figura de Márcia Cabrita. Em casa ele (ou ela?) está sempre rodeado de familiares, oito, 10, 12 pessoas que não vêem a hora de vestir a fantasia descerem para o desfile.


Bateria


São 4 “105” (surdos semi-gigantes), 2 surdos, 1 zabumba, 4 caixas, 7 tamborins, 2 chuás, 1 (uma) meia-lua, 1 repenique, 2 timbaus e 1 pandeiro. O som da bateria com seus 25 instrumentos marcarão o ritmo e a cantoria da escola.


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Escola de Samba Afro

Quilombola já estréia com quatro alas


O caçula do Carnabonfim é a Escola de Samba Afro Quilombola. Ela foi fundada recentemente, mas vai fazer sua primeira aparição com 100 fantasias, 80 homens e 20 mulheres, e um ótimo princípio de organização. Preparou quatro alas: a das Baianas é praxe das escolas de samba e trás 20 figuras, a Ala do Parentesco é uma homenagem a uma dança antiga e bem praticada em Tijuaçu e tem 25 membros, a ala do Corta-cana é outra tradição do lugar, e a Ala da Atitude Feminina (que se auto-explica). Vanildo (dos Santos) é Secretário de Cultura da Associação quilombola e organizador da escola de samba.


Sem corda


“Tive a idéia de fundar a escola na festa do 2 de Julho, em Salvador e ela deve ser um entidade que agregue todas as culturas de origem africana. Ele seus companheiros querem igualdade de presença dos negros em toda e qualquer atividade social. A escola nasce grande mas não tem cordas. Ele acha que a corda gera isolamento e contraria a liberdade. “Quem quiser entrar receberemos, dança com a gente e até aprende a nossa coreografia”, diz.


Trazem as cores verde, vermelho e preto e se apresentam em Bonfim somente no primeiro dia (domingo). A seguir a escola viaja para Salvador onde participarão do Bloco Afro Bacoma, “de orígem banta” na explicação de Vanildo.


Bateria


Dançarinas puxarão o grupo que terá 2 tambores de marcação; 2 timbaus; 2 repeniques; 1 (uma) caixa; e 2 tamborins.
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